A agência de classificação de risco Fitch alertou nesta terça-feira, 23, sobre a sustentabilidade das contas públicas e o risco de um descontrole fiscal no Brasil.
Para Todd Martinez, codiretor da equipe de ratings soberanos para as Américas da Fitch, as contas públicas e a manutenção da meta de resultado primário no Brasil estarão no centro das atenções do mercado em 2024.
“A dívida do Brasil está crescendo e não há trajetória clara de estabilização”, declarou Martinez, durante o evento Perspectivas de Crédito para 2024 organizado pela agência de classificação de risco.
Governo tentou sanar contas públicas aumentando impostos, diz Fitch
Para o analista, em 2023 o governo tentou aumentar a arrecadação de impostos e equilibrar as contas públicas, aprovando uma série de medidas que criaram novos impostos.
Entretanto, os efeitos dessas medidas ainda são incertos. Caso haja uma frustração de arrecadação, o foco do mercado vai se concentrar na meta de déficit primário zero para 2024.
Segundo Martinez, se a meta fiscal for descumprida o governo terá de reduzir despesas.
Todavia, existe uma “pressão no governo para mexer na meta e evitar cortar gastos”, aproveitando espaços no arcabouço fiscal e reduzindo dessa forma a necessidade de cortar despesas.
Mas para a Fitch, um eventual afrouxamento da meta fiscal “pode colocar dúvida em relação à trajetória da dívida e pressão nos juros”.
Além disso, um desequilíbrio das contas públicas poderia prejudicar um cenário de crescimento para o Brasil nos próximos anos.